segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Até já !!!

Chegou o dia em que nos despedimos de Vila Meã… Era o dia que ninguém queria que chegasse… Toda a última semana foi uma correria de despedidas, deixar um beijo, uma lembrança, “ até p’ro ano!”, “nós ainda havemos de vir cá mais cedo! Até breve!”

Agora em relaxamento, em comunhão e em partilha lembramos os belos dias passados em serviço, as manhãs de conversa, as tardes animadas, as histórias sem-fim, as tradições relembrada. Lembramos as lágrimas deixadas em cada casa, os abraços comovidos, os carinhos de conforto para a saudade já sentida. Olhamos para trás e vemos todo o caminho percorrido, desde o dia em que nos disseram que íamos juntos em missão, as preparações, o dia da chegada, o primeiro pequeno almoço, o primeiro domicilio, a chegada ao centro de dia, a alegria contagiante das crianças, o churrasco com os jovens, as idas à praia, a viagem ao Porto! Lembramos os bons convívios em casas de amigos, os bons jantares recheados de gargalhadas! Revemos os nossos medos, as discussões sobre os projectos, as preparações até às tantas das actividades, a maneira de como ultrapassamos as nossas diferenças, as músicas alegres e tristes, os momentos de intimidade. Toda a nossa experiência e vivência naquela vila mágica. Reparamos o quanto crescemos, quanto aprendemos.

Agora sentados a ver o rio, a ouvir os grilos, com o sorriso típico de quem lembras os bons tempos, não precisamos de mais que um olhar, aquele olhar cúmplice de quem compreende o outro e sabe o porquê daquele brilho.

Sabemos também que o caminho não terminou: temos agora muitos amigos que queremos visitar e alguns jovens que querem caminhar junto a nós. É a vontade de não querer partir, e a saudade já aperta. Sabemos que vamos voltar, pois deixamos um pedaço de nós lá, e sabemos que só estaremos preenchidos quando voltarmos aquela vila mágica

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Os momentos que movem

Estar em missão é partilhar, é servir, é estar, é dar e sobretudo é receber. Receber muito. Não imaginaria nunca esta felicidade que sinto hoje, antes de me darem esta oportunidade de aqui estar em Vila Meã.

E ao pensar no que tem sido estar em missão só consigo relembrar, vezes sem conta, pequenos momentos, curtas frases ou sorrisos francos que ficam impressos, a relevo, na memória deste Agosto.

“Ó senhor Doutor, quando volta?” ”Primeiro rei de Portugal: D. Afonso Henriques, o Conquistador, D. Sancho I, o Povoador, D. Afonso II, D. Sancho II, D. Afonso III, o Bolonhês, D. Dinis, o Agricultor (porque plantou o pinhal de Leiria), Primeiro rei de Portugal: D. Afonso Henriques, o Conquistador, D. Sancho I, o Povoador, D. Afonso II…” ” E eu não recebo nada por estar aqui a ensinar o senhor Doutor?” “ Quando volta senhor Doutor?” - e um sorriso aberto, sincero, cúmplice – “Muito obrigado pela visita” – que nó na garganta…

Um brilho no olhar quando percebe que não nos esquecemos da visita à praia. “Estes meninos são uns amores!” “Queria que estivessem sempre aqui, mais perto de mim.” “Já aqui não vinha à 6 anos….” “Quando vão embora?”

Mais um sorriso aberto. Felicidade no rosto. Chapéu enterrado na cabeça. “As senhora de Centro disseram para não ir a parecer mal!” “É que hoje vamos à praia!” “Vamos lá!!”

“Ó Rosa arredonda a saia! Ó Rosa arredonda-a bem.. Ó Rosa..” “Ó Rosa arredonda a saia! Ó Rosa arredonda-a bem.. Ó Rosa..” “Ó Rosa arredonda a saia! Ó Rosa arredonda-a bem.. Ó Rosa..” E uma gargalhada inocente.

“Não me esqueço de nenhum de vocês!” “Não dá para explicar” “Mesmo que aparecesse aí uma de 18 não a trocava…” “Não querem ficar aí a dormir?” “Vão apanhar aí uns pêssegos a baixo!” E uma baforada de fumo. E um cumprimento com um abraço.. E um sorriso. Sempre um sorriso..

“Apareçam sempre que quiserem!” “O que querem comer?” “Quero os vossos números de telefone para vos ligar..” Palavras ditas e sentidas pelo coração.. Será que mereço tanto?

“Trabalhei muito, muito...” “Cá estou. Mas ele é que sabe, ele é que sabe…” E mais um sorriso. E mais um. E outro. E outro. E mais outro. Não os consigo contar a todos.

“Mas afinal o que estão aqui a fazer?” Um soluço, uma lágrima. Um banco à sombra. Histórias contadas vezes sem conta. Ouvir. Escutar. Sorrir.

São estes momentos que levarei comigo. Jamais os esquecerei. Uma família que fica. Outra que parte comigo no coração.

Até já.

Torneio de futebol "Estamos Juntos"



Sábado, 22 de Agosto,torneio de futebol "Estamos Juntos" marcado para as 16:30h na praia fluvial.
Quando lá chegamos a praia estava cheia, o calor apertava e estavam os "nossos" jovens e 10 meninos prontos para jogar futebol. Elegeram-se duas equipas, os brancos e os pretos, e depressa começou o jogo.
Os sorrisos estavam estampados em todos os jovens que puderam participar nesta actividade e em cada criança que correu, jogou, conviveu, abraçou e sorriu. Foi um jogo cheio de golos (11-7), de polémica e de emoção.
É inexplicável o que se sente. Um simples jogo de futebol fez-nos sentir tão felizes, tão úteis, tão acarinhados... sentimos que cada sorriso esboçado em cada criança era verdadeiro, que o carinho que lhes estávamos a dar estava a dar frutos.
Foi só um jogo de futebol, mas o que sentimos vem a ser construído desde o primeiro encontro com aquelas crianças, e é algo, sem dúvida, maravilhoso.
Estes meninos, os "nossos" meninos são fantásticos! =)



Silvana Alves e Miguel Oliveira

Um momento diferente

Eu sonho, Tu sonhas e Ele sonha. Nós acreditamos , Vocês confiam e o Momento acontece =)

Sexta feira, 9h da manha e estão reunidos os nosso queridos idosos, jovens e crianças no adro da igreja á espera da camioneta para um passeio ao Porto. Concedem-nos simpáticos “Bons dias”, sorrisos largos de boa disposição e leves conversas de entusiasmo e expectativa acerca do dia que agora começa. Chega a camioneta e é o guardar bagagens na mala, guarda-sóis, mantas , a refeição e a água, cadeiras e instrumentos musicais . Em alguns minutos está tudo dentro da valiosíssima máquina que nos vai levar a ver o mar de Leça da Palmeira. O sonho começa agora!

E a viagem. animada com as típicas cantorias corre tranquilamente , pelas ruas do Norte para ir ao encontro do Mar azul , sol, calor, areia, vento, gaivotas, barcos, pessoas…. a PRAIA!
Olho pela janela e vejo o oceano turbulento com bandeira vermelha e vento soprar. Olho em meu redor e ouço exclamações de “É ali! A praia, olha o mar”e vejo a alegria e entusiasmo nos rostos das pessoas. Se para algumas pessoas é apenas o mar e o estão a rever , para outros senhores é o ver o mar, é o sentir a areia nas mãos e nos pés, é o sentir a brisa húmida do norte no rosto pela primeira vez.


Agora já estamos no areal da praia! Sim, agora melhor do que antes sentimos o cheiro a maresia, o ar húmido, a temperatura amena, o sol quente e ouvimos as ondas a enrolar na areia… Cheira bem, cheira a mar! Vemos sorrisos nas pessoas, admiração pela grandiosidade do lugar, brincadeiras na areia e sente-se algum friozinho no corpo(como era de esperar). Houve oportunidade para tudo para molhar os pés ou ficar na toalha, contemplar o lugar e conversar, cheirar e observar.

Segue-se o almoço no parque da cidade do Porto. Local tranquilo , cheio de ar puro com raios de sol a atravessarem as arvores e com aroma a muito GASPORTO.

Sentamos no chão, com a comunidade á nossa volta , com almoço partilhado com jovens e os nossos queridíssimos voluntários do GASPorto que nesta actividade nos acompanharam e abrilhantaram toda a este momento diferente. Melhor que o GASPorto não há! Obrigada a vocês pela força e por estarem connosco. =)

14h30! Viagem de regresso á nossa Real(idade). Caminho feito ao som de musicas tradicionais com alguma cansaço de satisfação á mistura que terminou com deliciosas frases como “Ate ao próximo”, “ Digam quando é o próximo, eu cá estou” ou um simples “Obrigada”, ate o aperto de mão mega apertado, um abraço caloroso ou sorrisos de agradecimento e de satisfação.

Foi bom, muito bom, sentir corações a bater mais forte e vidas a ganharem outras cores, ainda que só por este dia. E se o coração mexeu então á vida e momentos deste enchem e dão-nos alento para caminharmos nesta nossa missão .
Até ao próximo, como alguém nos disse. =)

Retinha e Pedro S.

Famílias!

Deixo-vos com algumas fotos dos padrinhos com respectivos afilhados neste dia D'Arrasar!

Sílvia, Miguel, Bruno

Tiago, Pedro S., Marta Couto

Silvana, Cláudia Couto, Sílvia Guedes

Carla Leite, Retinha, Marta Teixeira

Andreia Moreira, Cátia, Liliane Pinheiro, Inês Oliveira

António Magalhães, Diano Babo, Pedro A.


Estamos juntos!



domingo, 23 de agosto de 2009

Caminho

Amor.PT quis dizer, desde muito cedo, caminhar. Um caminhar que nos precedeu dois anos antes com as missões anteriores que abriram portas e criaram pontes firmes; um caminhar no qual encontramos, a cada passo, uma nova viela larga e cheia de luz; um caminhar em que nos descobrimos encontrando gentes diferentes com necessidades diferentes…

A viela de que vos vou falar tem merecido um carinho especial nosso desde muito cedo… Sonhámos com este caminho muito antes de sermos sequer recebidos cá, e alguns dias depois de nos instalarmos estávamos já a preparar aquele que seria o nosso primeiro passo nesta via por descobrir...

Esta viela tem um nome: Jovens de Real, e tem (para já) treze moradias únicas com que nos deparámos naquela quinta-feira. Naquele dia em que nos surpreenderam treze caras curiosas e ao mesmo tempo tímidas, cada um disse um pouquinho sobre si, cantou-se a medo e, no final, todos sentiram o poder que pode ter um simples afecto, e o que se pode perder por receio de tocar o outro com carinho…

No segundo encontro nesta viela de juventude, embora com algumas ausências, cada um desvendou um pouco mais de si, abriu uma janela para a moradia. Mas não foi só do lado de lá que se conheceu mais, também os “anfitriões” apresentaram um pouco de si e do que é esta missão Amor.PT, para no final se lançar o desafio de nos juntarmos todos numa actividade na praia fluvial com os idosos e as crianças… O convite foi aceite e tivemos um encontro de três gerações que teve frutos muito doces!

Na terça-feira passada reunimo-nos para tratar o Cuidar: cuidar do meu par com os olhos vendados para que não tropece num obstáculo ou leve com um ramo de árvore na cara; cuidar desta terra que sentimos ser de todos nós, mas que afinal é mais daqueles jovens que a comunidade viu nascer e crescer e que a conhecem no seu íntimo; e finalmente cuidar connosco deste serviço a que nos entregámos e no qual queremos fortemente que participem. Para isso, preparámos em conjunto a tarde de quarta-feira com as crianças, e todos deram o seu contributo, sentiram ainda mais o que é servir e o trabalho de bastidores que cada actividade implica. A participação aumenta a cada dia…

E finalmente, nesta última quinta-feira (a misteriosa reunião à qual ninguém podia faltar), vivemos um momento muito especial... Depois de cantarmos já sem medo e falarmos um pouco de mais actividades que se avizinhavam, fomos de mãos dadas para um local novo onde se adivinhavam umas velas acesas, umas mantas espalhadas… “Mas que estão eles a tramar?”


E um momento muito especial surgiu neste estar com os jovens:

O apadrinhamento foi um completar da nossa passagem aqui e acreditamos que irá servir de muito, pois assim, os jovens sentem-se mais apoiados, têm contacto com outros jovens que não se conhecem tão bem e já não se fecham tanto em grupo e nós podemos assim conhece-los mais profundamente.

Abrir caminho e caminhar ao lado deles é a nossa intenção, pois sentimos que já têm uma enorme força e que têm vontade de servir a sua comunidade.

E é com esta vontade de servir que nos entusiasmamos cada vez mais e sentimos que este grupo unido irá muito longe...

Estamos Juntos!


Pedro Alves e Cátia Morais